top of page
Foto do escritorKaren Calazans

O Livro dos Vilões


Organizado da mesma forma que O livro das princesas – também com o esquema de dois populares autores nacionais, e dois nomes famosos do exterior – O livro dos vilões reúne estes autores para uma coletânea de contos sobre vilões icônicos dos contos de fadas. As irmãs de Cinderela? Malévola? Madrastas e lobos? Carina Rissi, Cecily Von Ziegesar, Diana Peterfreund e Fábio Yabu estão aqui com a mensagem: este não é um livro tão bonzinho quanto o seu antecessor.

Título: O Livro dos Vilões 🔹 Autor (a): Cecily Von Ziegesar; Carina Rissi 🔹 Editora: Galera Record 🔹 Ano: 2014 🔹 Páginas: 320 🔹 Classificação: 4/5

Estamos acostumados a ser bombardeados por histórias onde o bem vence o mal e lidos através do ponto de vista do mocinho ou de um narrador, neutro na história. O Livros dos Vilões, na minha opinião, superou todas as expectativas de falar sobre os vilões icônicos dos contos de fadas. Divido em quatro partes, cada uma foi escrita por autores diferentes, entre brasileiros e americanos, e baseadas em contos diferentes.

#stepsisters – Sobre Sapatos e Selfies, por Cecily Von Ziegesar

  1. Cecily von Ziegesar é autora das séries Gossip Girl e It Girl, e do romance Com Louvor. Mora em Nova Iorque com o marido e os filhos.

O conto é baseado na história da Cinderela, a história é vista pelo ponto de vista da mocinha (Cindy) que é “escrava” das meias irmãs (Nastia e Dizzy). Com um toque moderno, a autora trouxe um pouco da realidade de Gossip Girl, onde as meninas são da alta classe de Nova Iorque e são fissuradas nas redes sociais e selfies.

Apesar de adorar os trabalhos anteriores de Cecily, essa história é corrida e não possui muitos detalhes. Seguiu bem o clássico da Disney e não mostrou ser uma história digna do “livro dos vilões”. O que achei interessante foi que a autora deu um fim diferente para os mocinhos (Cinderela e o Príncipe Encantado), essa realmente foi uma reviravolta que não esperava e contei como um ponto positivo.

Menina Veneno, por Carina Rissi

  1. Carina Rissi nasceu em Ariranha, interior de São Paulo, onde mora atualmente com o marido e a filha. É autora da série Perdida e Procura-se Um Marido, ambos lançados pela Verus Editora.

Baseada no conto de Branca de Neve e os Sete Anões, Carina escreveu a partir do ponto de vista da vilã (Malvina), na verdade a personagem possui um dialogo direto com o leitor – que no final é quase impossível odiá-la.

O conto moderno gira em torno de Malvina, uma modelo brasileira conhecida mundialmente por seu talento e beleza. Ela era casada com Henrique, famoso corredor de formula Indy, mas que aos 37 anos morreu num trágico acidente de carro e deixou aos cuidados de Malvina sua filha, Bianca. A jovem era como um peso morto para a modelo, mas tudo começa a tomar um novo rumo quando Bianca começa a chamar mais atenção que a “linda e perfeita” Malvina.

Sou um pouco suspeita para falar da Carina, adoro o trabalho dela e definitivamente é minha autora brasileira favorita. Depois da primeira história fiquei um pouco desanimada em continuar com o livro, mas – como era de se esperar – Carina Rissi não me decepcionou.

Rica de detalhes e com um toque de suspense, a história traz seus personagens principais e outros que deram mais sentido a história moderna. Ao contrario do primeiro conto, Carina deu sentido ao título do livro, não só por trazer a vilã como narradora, mas por dar aos leitores uma nova perspectiva dos clássicos que ouvimos desde criança. O que mais me deixou satisfeita é que no decorrer da história nada parece fantasioso demais ou o final “feliz para sempre” em excesso. Cada personagem tem seu fim respeitando as consequências de seus atos e o melhor: você vai sim sentir uma pontinha (por mais leve que seja) da “mocinha”. Melhor que isso, Rissi deu uma história à Malvina, ela não é só a madrasta má que é ameaçada pela beleza de Bianca. A vilã possui um passado, talvez não um que justifique todas as suas atitudes, mas um que realmente faz você admirar a história.

Quanto mais afiado o espinho, por Diana Peterfreud

  1. Diana Peterfreud é formada pela Universidade de Yale e mora em Washington com o marido e a filha. É autora de dez livros, entre eles os da série Sociedade Secreta e A Ordem da Leoa. Tem livros publicados em mais de 11 línguas, alguns dos quais selecionados no The Best Science Fiction Books, e participou do quinto volume da coletânea Fantasy of the Year.

A partir do título podemos ter uma ideia em qual vilão foi inspirado. Referindo-se a Malévola, de Bela Adormecida, a história gira em torno de uma bruxa ainda adolescente. No novo conto, Malévola (Malena) é uma adolescente de 14 anos, ela mora com a mãe, mas ficam escondidas por causa do preconceito da cidade em relação à bruxaria. No entanto, Malena quer mudar essa situação e decide frequentar a escola. Antes das aulas começarem ela faz amizade com três garotas e para completar começa a se relacionar com o “garotão” da escola. Mas uma visita muda totalmente o sonho que Malena até então vivia.

Esse foi meu primeiro contato com a autora, e confesso que gostei mesmo da escrita dela. Assim como Cecily, Diana levantou algumas questões que rondam a juventude atual, como a fixação por popularidade, drogas e sexo. De forma indireta e leve, a autora passou uma reflexão (…).

A Menina e o Lobo, por Fábio Yabu

  1. Fábio Yabu nasceu em Santos (SP). E escritor e ilustrador, com obras publicadas no Brasil e em Portugal. Criou a série Princesas do Mar, exibida diariamente nas TVs de mais de 50 países. Na literatura infantil, lançou Raimundo, cidadão do mundo e Apolinário, o homem-dicionário, adotado por escolas em todo o Brasil. Para jovens, escreveu A Última Princesa e Branca dos Mortos e os 7 Zumbis.

O último conto trata-se do Lobo Mau. Na história, o vilão mostra-se injuriado por ter sido criado apenas para sentir dor. O conto se passa nos “contos de fadas”, onde ao final de cada história todos os personagens possuem uma vida paralela e rotineira àquela que é contada para as crianças.

Definitivamente os autores brasileiros me encantaram demais. Fábio Yabu também era um autor desconhecido para mim e soube finalizar divinamente o livro dos vilões. O autor conta muito mais do que a revira volta no destino dos vilões, mas de forma poética e bíblica, Fábio tratou da dicotomia bem e mal e as consequências pré-impostas para os vilões e mocinhos. Realmente é difícil falar deste capitulo, porque o autor soube brincar com as palavras, os sentidos e até mesmo com as páginas do livro. Só tenho que dizer que foi uma leitura INCRÍVEL, que nos faz refletir a cerca dos valores existenciais.

📚 Concluindo…

Minha nota é 4 de 5 porque achei que o primeiro conto, de Cecily von Ziegesar, poderia ter sido bem melhor.

Comments


bottom of page